sexta-feira, 29 de março de 2013

Entrevista 7- Antonio Vieira de Barros - Greve na Cobrasma 1968

Elaboração, coleta e transcrição da entrevista: Alessandro de Moura.
[Falta revisão]



Antonio Vieira de Barros [Toninho três-oitavos], nasceu em Alagoas, na cidade de São Miguel dos Campos, em 1942. Migrou para São Paulo em 1959, com 17 anos. Seu primeiro emprego foi na Sambra/Jaguaré, onde era fabricado olé de soja, margarina, etc. Nesse período começa a militar na JOC – Juventude operária católica, espaço onde começa sua formação política. Na Sambra já se envolve na direção em uma greve em 1960.  Buscam divulgar essa greve para operário de outras fábricas Anaconda, S/A Vito, Tupi (fábrica de enxadas), etc. Na frente da S/A Vito foram cercados e presos pela Guarda Civil. Ficaram detidos uma noite e um dia presos sem comer, ‘Trabalhador não valia nada na época. A partir dessa experiência, Antonio refletia: ´Por que trabalhador é tão agredido, faz uma greve por melhores salários e vem tropas e mais tropas cercar, bater, prender, matar?’. No entanto, essa indagação não o paralisava, por onde passava Antonio continuava na luta por via do movimento operário, o que lhe levaria a outras prisões. Poucos meses depois, trabalhando em outra fábrica na Lapa, voltou a fazer greve, foi novamente reprimido e preso “O DOPS pegou a gente, bateu muito. Eu fiquei em um bar, fazendo que estava tomando um café, eles chegaram, o que você está fazendo aqui? Estou tomando café [respondeu]. Não está trabalhando? Não, estou esperando, para ver se a turma deixa a gente entrar... Ai já me deram uma bordoadas lá... Já me mandaram para o camburão deles. Me prenderam...”
Neste período, estava em curso um ascenso das lutas operárias no inicio da década de 1960, o envolvimento na direção das greves levava a demissões sumárias, por isso os operários ativistas era obrigados a mudar de emprego recorrentemente. Para conter as greves na região de Osasco, mesmo antes do golpe, Osasco já estava militarizada. A cavalaria estava patrulhando as ruas da cidade. ‘Osasco sempre foi um barril de pólvora’. Antonio, que profissionalizado como mecânico de manutenção, trabalhou em 33 empresas com registro e em mais 15 na informalidade. Ingressou na Cobrasma em 1961, desligou-se dessa antes do golpe militar de 1964, ficou um breve período na MAFESA, no entanto, foi admitido na Bras-eixo que funcionava dentro do pátio da Cobrasma. Praticamente não havia separação entre o operariado da Cobrasma e da Bras-eixo, o restaurante era um dos espaços em que os operários de ambas as fábricas almoçavam juntos. Isso permitia a integração dos operários das duas fábricas. Em 1964 ingressou a AP – Ação Popular.
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Quando a gente estava fazendo a greve da sambra [em 1961] a cavalaria estava aqui, rodando a rua da estação, o largo de Osasco... Osasco sempre foi um barril de pólvora, porque tinha a Cobrasma e tinha umas empresas importantes aqui. Então juntou um monte de trabalhadores que tinha uma certa consciência... Por causa disso isso aqui foi um barril de pólvora sempre. Só para você ter uma idéia, eu trabalhava na Brawn Boveri, eu saia da Brawn Boveri, saia não, eu deixava de entrar cedo na Brawn Boveri para ir fazer panfletagem na Leopoldina, Jaguaré, Lapa, essa região ai das grandes metalúrgicas, quem cobria era o pessoal de Osasco, os companheiros de Osasco. Nos juntávamos a companheirada de Osasco e vamos panfletar, vamos fazer piquete. Trabalhadores de varias correntes, tinha gente cristã, gente comunista, de outras organizações... E Osasco sempre deu essa contribuição para o movimento operário nas conquistas... na época eram mais conquistas salariais...
Comissões de fábrica antes do golpe militar
Existia na Cobrasma, já tinha comissão na Cobrasma. Lá tinha o... a pessoa mais esclarecida, mais importante na comissão era o João Candido, depois tinha o Din, o Groff que já morreu, tinha o Pedro Tintino, tinha o Ibrain, e outros...
Greve de 1968 na Cobrasma
Começou a organização pelo simples fato de que a empresa dizia que não dava aumento de salário porque o governo não permitia, o governo militar. (...). Então de inicio era assim, a gente queria aumento, a empresa alegava através da comissão, a comissão que fazia este trabalho, através da comissão que realmente não podia dar aumento porque o governo não permitia. E na época o governo não permitia dar aumento salarial. E a empresa até fazia um pouco de chacota, dizia: ‘Olha, se o governo quiser eu dou aumento, mas o governo não permite, porque se eu der aumento eu vou ser punido’. Eles falava assim para o pessoal da comissão. Ai foi quando começou a se organizar o pessoal dentro da Cobrasma. Porque o governo não permitia dar aumento. A empresa podia dar aumento, não dava porque o governo não permitia. Ai foi se preparando para poder fazer um enfretamento mais severo. O governo era o alvo principal. Essa greve não foi contra a Cobrasma, a gente fez a greve contra o governo, por causa das questões políticas e as questões econômicas, a greve de 1968. Antes disso... na Cobrasma já tinha gente que tinha feito outras greves, mas a mais importante foi essa, a de 1968. A gente quase todo ano fazia greve, de dois dias, três dias, um dia. A gente fazia. Mas a mais importante foi a de 1968, porque ai mexeu com todo mundo dentro da empresa, e outras empresas.
Ai quando a chapa do Ibraim ganhou a chapa do sindicato dos metalúrgicos, que estava nas mãos da chamada ‘pelegada’, a ‘pelegada’ perdeu as eleições para o Ibraim. (...) Ai o Ibraim ganhou essa eleição, o sindicato, fortaleceu o movimento sindical aqui em Osasco. Na formação da chapa do sindicato tinha dois grupos importantes que montaram essa chapa: um era a turma de esquerda ligada ao Ibraim, do partidão [PCB] e outras organizações [VPR...]. e tinha a Frente Nacional do Trabalho, que era um movimento mais cristão, comandado pelo doutor Mario Carvalho de Jesus, e o doutor Albertino também participava. Ai a chapa foi montada de acordo com as forças: a Frente Nacional do Trabalho e o grupo do Ibraim (que os estudantes participavam juntos), os estudantes estavam junto com o Ibraim, um bocado de estudantes... Ai montou-se essa chapa, colocou o João Joaquim, João Candido, Odin, e o Groff ficou fora porque ficou como presidente da comissão da Cobrasma. O Ibraim foi ser o presidente do sindicato e o Groff foi ser o presidente da comissão da Cobrasma.
Com o Ibraim chegado no sindicato começou a se fortalecer o movimento operário e a gente se engrossou e criou coragem para fazer uma greve, porque naquela época não se podia fazer greve. Não podia nem dar aumento quanto mais fazer uma greve. Ai foi, o grupo do Ibraim era mais novo, arrojado e queria as coisas muito correndo, e o grupo da Frente [nacional do Trabalho] era um pouco mais... sabia que não era brincadeira enfrentar a ditadura militar, então pausava as coisas, ‘vamos organizar melhor, vamos ver outras empresas’, e assim por diante. Mas o pessoal não tinha muita paciência, o grupo dos estudantes não tinha muita paciência, queria fazer as coisas logo. (...). Até que se tomou a decisão de sair a greve, e saiu a greve. Mas saiu porque... a Frente abriu mão de fazer a greve mesmo. Ai começaram a dizer que o pessoal [da Frente] não tinha coragem, não queria fazer, e era pelego, aquele negócio. Então a frente falou: ‘Então vamos fazer essa greve!`, mas o pessoal era mais maduro, sabia que era pauleira, não se ia fazer uma greve por fazer greve. Iria fazer uma greve e as conseqüências a gente não sabia o que iria acontecer. E a gente discutia na Frente: ‘vai sair, não vai, as conseqüências, ninguém sabe o que vai acontecer’. Porque era muita gente, e o pessoal com fome, o pessoal desempregado, era muito difícil a situação, e quem iria se responsabilizar? E o pessoal do Ibraim, como era um pessoal mais jovem, não tinha essa preocupação... Eu também não tinha tanta preocupação, mas o pessoal: Mario Carvalho, Albertino, Groff mesmo, o João Candido, eles tinham essa preocupação, de ver como um todo, a conseqüência que poderia acontecer, mas resolveram: então vamos fazer a greve?! Vamos!’. Eu também era meio jovem, eu queria fazer a greve também! Eu queria fazer a greve. Porque dentro da Cobrasma a gente tinha um grupo de jovens, onde tinha o Natanael, tinha o Luizão, tinha o davizinho, e tinha outros companheiros... O Natanael era da... do grupo da Dilma, da  VAR-Palmares, só que a Dilma era da parte mais intelectual e o Natanael era piaozão da fábrica...
Ai saiu a greve. No dia da greve, estava muito bem organizado lá dentro, todo mundo participando, ‘e vamos para as cabeças mesmo!’. A comissão tentando negociar, e a empresa queria dar um aumento, mas queria que a comissão fosse dentro do escritório deles. E o grupo não deixava, dizia: ‘Olha, se for lá, eles vão prender vocês lá forem lá. Então se quiser negociar, tem que vir aqui, no meio nosso. Tinha que vir aqui! No chão da fábrica. O Pedro Tintino dizia: ‘Se eles quiserem negociar tem que vir aqui no pé da cajarana’. Mas eles não vieram. Ai o tempo foi passando, começou a escurecer... Ai esse grupo de jovens ficou encarregado de dar segurança nas laterais da cerca da fábrica, para ninguém nem sair e nem entrar, uma comissão de segurança, tinha um aqui, outro lá, outro aqui, e cercando a fábrica, ai já tinha mais gente, um grupo grande de jovens, e a gente ficava ali. Daí a pouco, aparecia muita senhora chorando na beira da cerca, porque a televisão começou a dizer que as tropas estavam vindo para cá e ia ser um massacre... Ai as mães, as mulheres dos trabalhadores ficavam muito apavoradas e elas vinha chorando na beira da cerca... Ai a gente dizia: ‘Não, pode ficar sossegadas, está tudo sossegado’, ai elas voltavam um pouco mais confortáveis. E alguns que queriam sair nós não deixávamos também, porque tinha uns que queriam pular a cerca e ir embora, nós não deixávamos...
Quando foi uma certa hora a policia começou a chegar... Ai começou a cercar a empresa, e começou a aparecer muito policial lá na frente, fazendo formação... Ai o comandante queria negociar, a turma não obedecia muito ele... Ai o pessoal mais adulto, quando viu que a coisa estava meio pesada mesmo, eles saíram e foram se reunir lá dentro, em um escritório que tinha lá dentro. Ai que quem ficou mais lá foram os jovens, o Barreto, que era o mais aguerrido que tinha, o Zequinha Barreto, que era o mais aguerrido que tinha, e o Barreto dizia..., eles [os militares] diziam, falava macio, ‘Não companheirada, vamos sair, nos garantimos a saída de vocês, vocês vão para casa dormir, suas mulheres estão em casa querendo que vocês vão embora...’. O Barreto falava: ‘não, nos temos que resolver aqui! Daqui nós não vamos sair!’. Ai subiu no portão, e lá de cima ele gritava: ‘Companheirada [com o braço em riste], vamos resistir até o fim!’. E a gente estava ali. Até que os policiai começaram a andar de vagar, e foram chegando, encostaram no portão, já cortaram a corrente do portão [que havia sido trancado pelos operários], um guindaste estava na frente, só que o guindaste estava desligado e não tinha força [para barrar o portão], eles abriram o braço do guindaste, ai entrou a cavalaria. Ai nós saímos correndo lá para dentro da fábrica. Ai o Barreto gritava: ‘vamos botar fogo na fábrica, vamos botar fogo na fábrica!’. Mas não tinha... A fábrica, era uma fábrica que trabalhava com fogo, não tinha nem onde pegar fogo... alguns lugares pegava fogo.. era só ferro, a maioria da coisas não tinha como incendiar. Mais ai ele correu lá dentro, tentou botar fogo na bomba de gasolina, mas a bomba estava travada com cadeado, que o Groff tinha colocado, o Groff era do almoxarife, e ele já prevendo estas questões já travou a bomba com o cadeado. Se não fosse isso o Barreto tinha botado fogo mesmo, era uma forma de protesto! Teve gente que andou falando que o Barreto foi um bandido, falo ‘não, foi uma forma de protesto, tem que fazer mesmo!’. Ele não conseguiu. Dentro da Cobrasma tinha um cimento que fazia os moldes para fazer as peças (...), tinha um monte de saco de cimento, e não sei quem, botou fogo nos sacos de cimento, ai deu aquele fogo alto... Clareou tudo, dava a impressão que era a bomba que estava pegando fogo. E a turma se apavorou, tinha um pessoal perto, os engenheiros estavam escondidos em uma sala lá também, eles ficaram com muito medo, se a bomba explodisse... iria matar todo mundo ali.
Mas nisso, a maior parte correu para dentro da fábrica. No escuro, só que conhecia era quem trabalhava lá, tinha muito ferro, muito abismo, podia se machucar, cortaram a luz (...). Mas como eram muitos soldados, eles conseguiram fazer uma varredura completa dentro da fábrica. Eram muitos soldados, tinha uns túneis onde eu trabalhava, que era a forjaria da Bras-eixos, que era dentro da Cobrasma, era um túnel que dava mais ou menos uns duzentos metros... Aquilo ali encheu de gente. A policia fez o seguinte: chegou em uma ponta e jogou uma bomba, ai ficou esperando do outro lado. Saiu todo mundo do outro lado. Mas a maioria não prenderam não. A maioria eles deixaram ir embora...
Eles [os militares] entraram e começaram com a mesma conversa: ‘Companheiros, vão embora, suas mulheres estão precisando de vocês em casa. Nós lhes garantiremos a saída’. O interesse deles era que as liderança viessem junto, e eles pegassem as lideranças. Porque lá na frente estava a direção da empresa apontando quem é... A turma passava, todo mundo passava, mas as lideranças eles pegavam. Ai começou o pessoal sair... Isso foi na varredura... Começou o pessoal sair... E eles apontavam... Que nem, o Barreto já pulou o muro e foi embora, o Pedro Tintino foi embora, mas outros que nem o Groff...
E tinha subido lá na ponte, eu trabalhava com manutenção de ponte, fiquei lá de cima olhando, tudo escuro... Ai eu vi o João Candido saindo, e outras pessoas... saindo... Ai eu digo, então está bom...Checou lá na frente cataram o João Candido... Quando eu fui passando me cataram também...Eles me cataram... Depois, quando eles fizeram a varredura, eles cataram outras pessoas, quem nem o Nathael, o Luizão... o Luizão não, o Luizão fugiu... e outros companheiros que estavam escondidos eles pegaram...

Então ai, a direção da empresa, a gente não sabia né, mas era muito ligada ao DOPS, a segurança, a gente não sabia, a gente está sabendo agora como é que eles faziam.. Eles entregava ficha dos trabalhadores lá para o DOPS, dava o nome, a direção da fábrica. Na época do golpe mesmo, depois do golpe, eles forneciam... O Vidigal [proprietário da Cobrasma] era um dos colaboradores em dinheiro... Tinha um banco deles ai também que colaborava em dinheiro, e os outros... . Eles davam dinheiro para manter a repressão. Davam dinheiro para manter a repressão, e era dinheiro grosso. Aquele que foi morto em São Paulo, Henning Boilesen... aquele era um dos chefões também, e outros e outros, que a gente não sabia... Por exemplo, a metal-leve, a gente não sabia que dava dinheiro, mas era uma das colaboradoras em dinheiro, e outros grupos né, outros grupos faziam isso.

Então, depois dessa saída foram fazer a varredura, conseguiram pegar o resto do pessoal, o pessoal iam saindo e eles iam pegando o pessoal que interessava. A prenderam alguns companheiros... Ai eu fui preso, fiquei aqui na delegacia de Osasco, aqui em baixo (na seccional), e me trouxeram, me bateram muito, queria saber onde estava Barreto, o negócio deles era o Barreto, onde estava Barreto, e eu não sabia do Barreto, onde tinha ido ou deixado de ir... Por causa disso eu apanhei muito, me fizeram... até me queimaram... me queimaram com cigarro... pegaram no meu penis e enfiaram cigarro, tenho marca até hoje de queimadura... Mas depois eles me soltaram... porque eu não tinha como saber, eu não tinha... eu tinha ligação com o Barreto como companheiro, mas eu não participava do grupo dele, então não tinha o que dizer... Ai me soltaram, me soltaram... e mais uns três que estavam presos ai.

Ai nós voltamos... no outro dia recomeçou a luta. Porque nós estávamos pedindo, acho que era 15%, não me recordo muito bem, acho que era 15% que nós estávamos pedindo... O delegado do trabalho, que era o general [Moacyr] Gaya, ele veio aqui em Osasco. Todo o movimento se canalizou para o sindicato dos químicos no quilometro 18. Ele veio ai no sindicato dos químicos. Eles cercaram o 18 todinho... A policia cercou, civil, policia, cercou cada esquina, estava tudo cercado, então ele foi lá... Cercou o sindicato dos químicos, lá que foi a assembleia com o Gaya... isso no dia seguinte...

Foi nesse dia que a Brown Boveri desceu... Então teve a primeira reunião lá, junto com o delegado... mas a intenção dele era prender mais gente... no dia não tinha nenhum sindicalista lá, estava todo mundo foragido... Ai foi lá... quem defendeu a tese dos trabalhadores foi o doutor Albertino, o advogado... Ai o general dizia: ‘nós não podemos fazer isso porque é contra a lei, a lei não permite!’. Ai o doutor Albertino dizia “se a lei não serve para os trabalhadores que se mude a lei”. Por causa disso prenderam ele depois... Ai depois teve o julgamento na Delegacia Regional de São Paulo...

Os operários da Brown Boveri:

“desceram direto para o sindicato dos metalúrgicos, em Altino, como o sindicato estava vazio, ainda não tinha interventor... então eles desceram todo mundo para o sindicato dos metalúrgicos. E essa assembleia para discutir a questão salarial foi nos químicos. A dos químicos foi na parte da manhã, e nesse mesmo tempos, eles [da Brown Boveri] já estava descendo para o sindicato lá... Porque era uma coisa assim... não era organizado... Porque não tinha como se organizar não... vai para o sindicato dos químicos, e ia todo mundo para os químicos... Outros grupos desceram. O pessoal da Granada... também desceu para o sindicato dos metalúrgicos... E esse grupo aqui [no sindicato dos químicos] ficou mais o pessoal da Cobrasma...

Era muita gente andando... e era uma pertubação muito grande... Todo mundo com medo... todo mundo tinha medo de ser presos... na rua todo mundo... e era uma situação delicada... Só saia na rua pessoas que tinham uma certa coragem de sair… senão não saia... boa parte não saia, ficava em casa... foram pra casa e não voltaram mais... Mas ai fizemos isso, fomos lá... e o Doutor Albertino sustentando a questão da porcentagem dos trabalhadores... E eles dizendo que não podia, que a lei não permitia... E o Doutor Albertino dizendo que se a lei não serve tem que mudar a lei...Por disso custou prisão para ele também...

Ai teve a questão de leva para ser julgado lá na Delegacia Regional de São Paulo, isso ai quem cuidou disso foi a Federação... a Federação tinha o Ageu, era o Ageu que era presidente da Federação... O Ageu era presidente da Federação dos metalúrgicos do Estado de São Paulo... ele que foi defender lá na Delegacia regional do trabalho a questão do aumento que nós estávamos pedindo... a reivindicação nossa... tinha outras coisas... Porque a greve se deu assim... política e econômica, essas duas coisas juntas... Porque é lógico que a grande maioria, uma boa parte do pessoal, não entendia muito a questão política, mas a direção que estava cuidando, o pessoal mais interessado, sabia que tinha questão política... a questão da ditadura, da repressão aos trabalhadores, da não permissão para o aumento de salários... Então chegou lá também a mesma coisa... perdeu... A gente perdeu. Não deram nada... voltou...

Ai foi feita assim a limpeza [demissões em massa], desses dias para cá, da greve de 1968 para cá, limpou um pouco Osasco. O pessoal mais importante, a militância mais importante, saiu todo mundo, fugiu... Fugiu de Osasco... . O João Candido saiu... não voltou até hoje... foi para são José dos Campos... que era o mais importante que tinha ai... leva a discussão junto com a direção da Cobrasma... João Candido era muito macio... muito... tinha uma habilidade de colocar as coisas... e o pessoal gostava de conversar com ele. Inclusive ele ficou três dias preso... Parece que três dias, depois soltaram ele... O Groff ficou mais tempo... E o Pedro Tintino fugiu... não pegaram ele não... pegaram depois... naquele dia não pegaram...

A gente voltou sem resultado nenhum da delegacia do Trabalho, ai nós fomos também fazer também uma manifestação em frente da Brown Boveri, em frente a Brown Boveri, o grupo da Brown Boveri... Uma manifestação lá em frente, e fomos tocados de lá... porque era muito... muito perigoso...
No dia seguinte a maioria voltou a trabalhar... A gente ficou para fora... Ai depois eu consegui um atestado médico... eu não queria perder o emprego... eu consegui um atestado médico, levei e fiquei trabalhando... Mas como eu estava machucado, mas eu não disse que tinha sido tortura... eu disse que tinha sido alergia que eu tinha tido... ai deu aquela infecção... o médico me deu dois dias... ai fiquei assim... ai eles aceitaram o atestado que o médico me deu... um médico ligado ao partidão... me deu o atestado... Foi até o João Joaquim que me levou lá... Ai o médico me deu esse atestado, eu fui lá consegui voltar a trabalhar, mas foi pouco tempo, trabalhei mais um dois meses e ai me despediram, isso na Brás-eixo...


O pessoal da Barreto keller, da Granada desceram em passeata para o sindicato dos metalúrgicos... Porque o sindicato do Granada era o dos químicos, mas eles não foram para os químicos... [porque o dos quimicos estava sendo utilizado pelos operários da Cobrasma] eles foram para o metalúrgico... Tinha um pessoal bom dentro do Granada, um pessoal de esquerda, conseguiram fazer um trabalho lá e levou um pessoal...

Voltamos a trabalhar, aquilo... dentro da empresa, parecia que todo mundo era policial... Porque o pessoal ficou todo mundo assustado e tinha muita gente infiltrada dentro da empresa, disfarçado de operário... Como a gente conhecia a maioria, via os caras estranhos, já ficava... a gente dizia ‘olha, tem gente dentro da empresa, tem gente dentro da empresa’’. A gente estava conversando, vinha alguém a gente parava... Isso levou tempo, levou tempo depois dessa greve em Osasco, levou tempo para apagar um pouco... Dentro de ônibus ninguém falava. Porque ai o Quartel fez uma barreira ali em frente o Quartel também, todo mundo... O ônibus chegava lá, parava, eles tinham que entrar lá dentro, investigar, as vezes pegava os documentos de alguém... Carro tinha que passar, ligar a luz interna... que era para eles verem dentro do carro quem eram quem não era... quem estava... Então era um sistema de terror muito grande... Caçando gente de greve, e que eles precisavam, de organização... Porque ai começo a aparecer aqui em Osasco também, muitos estudantes, vinha gente de Minas Gerais, vinha gente de São Paulo, da Bahia, vinha gente do Rio de Janeiro... E eram muitas pessoas que vinham aqui... E tudo isso sendo vigiado aqui em Osasco... A segurança deles aqui em Osasco foi grande, levou um tempo para eles afrouxa um pouco... E nisso a gente ficou um tempo no cabresto ali, a gente ficou ali sem poder abri a boca ou fazer qualquer coisa, levou tempo...

Teve um episódio assim, o Robertão, o Roberto Unger foi ser o interventor no Sindicato dos metalúrgicos, e a gente tinha que tirar ele, porque sabia que o sindicato tinha que estar nas mãos dos trabalhadores, tinha que tirar ele. Nós montamos uma chapa... a gente não tinha... A gente chegava nas pessoas, dizia assim: ‘Você não quer participar da chapa do sindicato dos metalúrgicos?’ A pessoa sai acorrendo, ninguém queria nem saber. Nossa, ninguém queria... Então, para montar uma chapa, com vinte e poucas pessoas, era muito difícil. A gente conseguiu montar uma chapa, chegou, acho que a dezoito pessoas. Ai o cara que estava encabeçando já tinha sido presidente... O sujeito tinha sido presidente dos metalúrgicos, era o Henos Amorina... Ele entrou nessa chapa junto conosco... A gente convidou ele porque não tinha gente... E o pessoal mais habilitado para tocar o sindicato estava tudo sumido, não tinha... Então ele foi a única pessoa que a gente conseguiu, através da Frente Nacional do Trabalho [mas ele não era da Frente]. Ele não era de nada. O Henos não tinha uma posição política, dessas coisas não... O Henos aceitou participar da chapa, ai fomos conversar com o Robertão, ai o Robertão chegou e disse ‘Nem eu nem vocês tem condições de montar uma chapa sozinho, eu tenho um grupo de gente aqui, acho que vocês tem outro. Nós não temos condições de montar uma chapa sozinho. Então, eu tenho um pessoal aqui, nós juntamos monta uma chapa (...) eu dou a presidência para vocês, eu só quero ficar na direção, lá na rabeirinha... E que nem ele ficou, ele ficou lá na rabeirinha... Era interventor, mas ele continuou junto com nós, sem apitar... Ai o Henio ficou com a presidência, o Carlos Euber era vice presidente... O Manuel Hipolito que era da Frente ficou como secretário geral... Eu fiquei como membro da Federação, e ai montamos essa chapa... Ai entrou o cunhado do Ibrahim também junto com nós... A gente montou essa chapa com intuito de tirar ele... de anular ele, ele estava meio anulado, mas a gente começo... O Henos dava muito espaço para ele. Até que passou dois anos, nós fizemos outra diretoria... Até o Manuel Hipólito que foi junto conosco, que era da Frente como secretário geral, passou para o lado deles [de Henos e Robertão]. Ai, praticamente ficou eu e o Jaci, ficou eu e o Jaci como oposição lá dentro... eu o Jaci’’ como minoria.

Ai na segunda eleição, ai nós, conversando com o Jaci, nós montamos, botamos mais cinco, seis pessoas dentro da chapa, era o Jaci, Zé Pedro, o Taxinha, que era de um jornal aqui, uma cooperativa, o João Smoli, Vicente Moreira, então era um grupo maior... Mas o pessoal se vendeu... Ai ficou eu, o Zé Pdero e o Jaci outra vez...
Ai na terceira vez nó fizemos oposição no Sindicato dos metalúrgicos de Osasco. Nós fizemos oposição e perdemos... em 1977.
A gente se esparramou de Osasco, porque não conseguia emprego quase em lugar nenhum... foi lá para Cotia... e eu fui lá para Taboão... Para Embu...Depois a coisa foi se apagando e a gente voltou... O Zé Pedro voltou para cá, eu voltei...
Da Cobrasma [em 1968], eu fui trabalhar na Sufunji, no Anastácio... lapa de baixo... Depois sai de lá fui trabalhar na Ron, empresa que faz mandril de furadeira... na Raposo Tavares... trabalhei um ano e meio na Ron, pedia as contas nela porque fui para Cimpal ganhar o dobro do salario que eles me pagavam, Cimpal no Embu, fui para lá... Quando eu cheguei lá, a Brown Boveri me indicou lá... no outro dia me mandaram embora... Eu estava na lista negra... Eu estava doente porque eu tinha sofrido uma torção, estava com o pescoço torto, aqui no ombro... E as coisas andaram assim... No Embu também a gente fez greve... Porque Osasco tinha nove municípios, e o Embu fazia parte, Itapecirica, Cotia [Taboão, Bareri, Carapicuiba, São Lourenço, Itapevi, Jandira, Pirapora de Bom Jesus]... A mesma base, eram nove municípios... Fui para o Embu... A gente fez aquela chapa de oposição, ganhamos mas não levamos...

Aquela questão, quando a gente saia de Osasco, ia cobrir a Leopoldina, lapa... o grupo que que era... Era Arcenio, era o Paulo, era a mulher do Arcenio era outras meninas que tinha ai, mais umas três ou quatro... , comigo e mais outras pessoas, lá do jaguaré... A gente que fazia essas regiões... A gente que panfletava na porta das fábrica para o pessoal fazer greve, parar... a gente cobria tudo isso aqui... A gente não parou... e hoje eu estou com 71 anos e a gente ainda está ai fazendo alguma coisa...
Hoje eu estou por causa dessas coisas, dessas prisões que eu tive, na Leopoldina nós fizemos uma greve ali onde mataram o Santo Dias, em 1979, e ali foi quando eles cercaram... Nós chegamos de manha, a gente vinha de São Paulo com o carro cheio de panfletos para distribuir ali... mas eles cercaram tudo ali com a policia... Não deixavam a gente panfletar... Abria os capus do cambirão e diziam ‘Quem não quiser entrar na fábrica, entra aqui’, ameaçando o pessoal. A gente não aguentou e falamos ‘vamos panfletar de qualquer jeito’. E estava com um fusquinha cheio de panfleto, vamos lá no começo da... Eu o Arecenio e a Mercedez, a Mecerdez era uma militante da oposição de são Paulo, e o Arcenio também era de tudo, era de lá [de São Paulo], daqui {Osasco], de tudo... Era pau para toda obra o Arcenio... Arcenio e o Paulo eram companheiros. A gente deu a volta, no começo da rua e saiu... A Mecedez de um lado, o Arcenio de outro, dos dois lados da rua jogando panfleto... Ai passamos na frente da policia, a policia com as armas ‘pára, pára’... Não atirou não, mas poderia ter atirado e matado a gente. Ai começamos a furar cerco, ai saíram umas tres viaturas atrás. Eles queriam passar, a gente estava em um fusca, a gente fechava [o camburão], ia passar a gente fechava... Ai entrei numa contramão feia... os ônibus desciam , mas era curtinha... atravessei a rua que subia para a Lapa, atravessei, na baixada bateu o motor do carro na valeta e estourou o motor... Mas mesmo assim, eles passavam, os carros quase bateram neles , freiada danada... Ficaram mais bravos ainda... E seu que eu dei a volta, cheguei lá na frente... não dava mais para andar... Quando estava saindo eles chegaram, pegaram a gente, bateram que nem o cão. Ai bateram muito, fomos presos, fiquei lá... O Arcenio foi preso, a menina também foi presa... Por causa de todas essas prisões que eu tive, eu juntei toda documentação e entrei na anistia política, e hoje eu recebo uma anistia...

A Frente era um movimento, era pequena, ela não tinha grande expansão... Ela tinha um nome muito bom, que consegui aparecer a nível de Brasil, mas ela não tinha muita gente para fazer isso. E a gente tinha uma coisa assim, a Frente trabalhava sempre com os sindicatos de trabalhadores... nessa linha, e deu muito apoio a oposições sindicais a nível de Brasil, ela fazia isso. Ela partiu também para dar apoio aos sem... aos posseiros, os sem terra hoje, os posseiros era quando eles se apossavam de um pedaço de terra, dai a pouco chegava um dono e queria tomar, ai era uma briga muito grande. A Frente fazia isso, tinha advogado para defender os posseiros, tinha a militância que ia lá dar orientação, fazer reuniões políticas... A gente ia mais aqui no Vale do Ribeira, Vale do Ribeira tinha uma grande área de posseiros. Essa briga de posseiros começou em Santa fé do Sul, saia daqui, ia para lá organizar o pessoal. E geralmente era assim, como a Frente tinha uma visão mais cristã... Os padres das regiões... onde as coisas vão mais choraminga nas Igrejas né, é lá nas Igrejas que eles vão... Então os padres geralmente chamavam a Frente para dar um apoio político... Padres de outras paróquias, de outros municípios de outros Estados... Ai a Frente fazia isso, eles chamavam, muitas vezes a Frente não tinha condições econômicas, eles pagavam a gasolina e a alimentação para a gente ir até lá. Chegando lá eles enchiam o tanque do carro, davam dinheiro para encher o tanque do carro, mas era só isso que eles faziam. A gente fazia reunião com o pessoal, as vezes o advogado ia junto, dar orientação jurídica, fazia algum processo de defesa deles, porque não tinha defesa, vamos dizer assim, mas a gente lutava por isso. A Frente era um pouco assim.

Então, os estudantes... não se envolvia muito com estudante... não se envolvia muito... Costumo dizer hoje, que os sem-terra hoje, já é fruto daquele trabalho que a Frente iniciou naquela época. Então, não tinha muito estudante dentro da Frente, não tinha... [eram sobretudo os católicos, posseiros e operários]...

Agora, do outro lado, tinha o pessoal, os estudantes... Os estudantes iam em todo o lugar, por exemplo, se tivesse uma oposição de sindicato, vamos dizer assim, lá em São Bernardo, e se a gente precisasse colocar os estudantes, para eles dar uma mão para a gente, panfletar, agitar, fazer as coisas, ele iam tranqüilos...

Eu costumo dizer assim, veja bem, quem fazia greve e brigava antes por melhores salários, eram os operários, e operário era assim, tratado como lixo, ninguém dava valor ao operário de fato, ‘ah, você trabalha na fábrica?’Ninguém valorizava, nem estudante, nem o pessoal da prefeitura, do Estado, ninguém, não valorizava nada... parecia que os trabalhadores eram... Então que apanhava, quem fazia greve, nessa época, isso era antes de 1964, vamos dizer assim, eram os trabalhadores de fábrica... Ai veio, quando foi no golpe, quando deu o golpe, a ditadura jogou tudo num saco só, ai entrou operário, estudante, médico, professor, entrou todo mundo e ‘reio o paú’. Ai professor entrou no cassete, médico entrou no cassete, os funcionários públicos que eram... os funcionários públicos tinham um bonezinho na cabeça, ficava na porta da entrada ali, parecia um Deus, entrou todo mundo no saco e ‘paú comeu’, ai foi quando começou a aparecer as organizações, médica, de professores, até de policial, foi assim, ai começou, entendeu... porque antes não tinha. Ai começou, médico chamar operário para poder participar junto, trocar experiência e tal... Professores também, ninguém sabia de nada [de como se organizar], que sabia fazer alguma coisinha era a peãozada, a peãozada fazia alguma coisa... E a gente [peão], já tinha aquele estilo... Um estilo assim: você era o chefe, você chegava em mim, ai dizia assim: ‘Antonio, como é que está as coisas ai, ta bem na fábrica?’. ‘Não, está ótimo aqui, tá uma beleza’. ‘Tá bom mesmo?’. ‘Tá, tá bem!’. Mas se você era um peão, que vinha falar comigo como é que estava, ai eu dizia como é que tava, eu falava a realidade, ta assim... mas eu nunca ia falar para o chefe, nem para outras pessoas que eu não conhecia que a coisa estava ruim... Então o operário começou a se prevenir, se defender um pouco assim. Se esconder um pouco, para um ele fala a verdade, para outro ele não fala... não conhecia... era disfarçado...  Essa coisa, a gente tinha isso. Os outros, o pessoal não tinha, porque não participava das coisas, e não levava paulada quase...

Então a ditadura chegou e disse: ‘agora é tudo no mesmo saco!’ e tome cassete, tome cassete. [os operário estavam mais preparados] mais organizados. Os estudantes, que é um pessoal guerreiro, uma meninada com um gás danado, mas eles não tinha assim uma... Eles faziam as coisas deles lá, mas não tinha... Depois que foram aprender as coisas... A gente fazia as reuniões, aqueles atos juntos, aquelas coisas que a gente faziam, a gente atuava junto... Agora, a gente tinha uma questão difícil, porque você tinha que trabalhar, e essas coisas acontecia... de dia você não podia participar, a noite você ia, mas era uma dificuldade danada, porque tinha que trabalhar. Mas muitos trabalhadores faziam isso, participava das duas coisas... E a gente fazia isso, a ponto de, para você ver, daqui de Osasco, aquele ato do primeiro de maio na Praça da Sé [1/5/1968], quem fez tudo aquela coisa foram os metalúrgicos de Osasco, e o Luizão, esse que trabalhava comigo na Cobrasma, estava lá no meio. Segundo a turma, falam que foi ele que deu a primeira pedrada [no Abreu Sodré].

Antes do golpe de 1964
Aqui tinha muito tanque de guerra, aqui pelas esquinas... Aqui mesmo, aqui em cima, bem aqui nesse cruzamento aqui em frente a Telesp aqui, ficavam um tanque de guerra rodando para lá e para cá...

13: 37 (falta um trecho grande aqui).
Osasco se tornou um seleiro de militância, de pessoas, de ativistas que enfrentavam mesmo a luta. E tinha gente que mudava para Osasco. Vinha gente de todos os Estados, até gente do exterior vinha aqui para Osasco.

Greves no ABC

Nas greves do ABC, na época, eu e outros companheiros estávamos na Frente, eu fui presidente da Frente Nacional do Trabalho, e, a gente ia lá panfletar nas fábricas. O espaço nosso lá era miúdo, não abria muito não, era mais Volkswagen, Mercedez as vezes a Scania um pouco, a gente fazia aquilo ali. A gente saia aqui da Leopoldina e ia lá para a Zona Sul, panfletar toda a Nações Unidas lá, a Metal-leve, Caloi. Ia para o ABC o pessoal da Frente, junto com todo o pessoal [de outras correntes], estudantes. Tinha estudantes que ofereciam condução para a gente. (...). Fizemos arrecadação de fundos e alimentos, nós levamos caminhões e caminhões de alimentos para o ABC. (...). Para manter a greve, porque o cara com fome não faz greve. (...). As greves, a gente já vinha ajudando a costurar essas greves. A gente fazia as reuniões lá antes. O sindicato dos metalúrgicos daqui [Osasco], também era muito ligado lá [ao sindicato do ABC]. Quando teve aquela concentração dos 200 mil, nós íamos com 2 ônibus para lá, daqui [do sindicato] dos metalúrgicos...Chegou lá em Diadema a policia prendeu o ônibus. Nós descemos todo mundo e fomos a pé. (...). Foi uma concentração que teve em São Bernardo, aquela vez que os helicópteros começaram a jogar pó de mico no pessoal, eram 200 mil, na época tinha 200 mil pessoas ali. Organizados por lá [São Bernardo], nós aqui [de Osasco] é que íamos apoiar, ia gente dos bancários, ia gente dos metalúrgicos de Osasco, do centro. Essa foi no centro de São Bernardo, foi a maior concentração de pessoas em são Bernardo nessa época. Os helicópteros, para tocar o pessoal, ia por cima jogando pó de mico... Naquela concentração, quando eu cheguei lá estava um bocado de estudantes de um lado e a policia do outro jogando bomba...



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